Meu pai, Pedro Shimazaki nasceu em Ribeirão Preto em 15/04/1927, filho de Iwakiti e Seo Shimazaki que vieram do Japão. Meus avós já eram católicos desde o Japão e os filhos receberam nomes católicos no Brasil: Francisco, Pedro, Paulo, Jorge, Júlia, Rosa e Luis. O casamento com minha mãe, Emiza Shimazaki foi em 05/05/1957. Tiveram 4 filhos: Maria Emi, Marilena, Maristela (esta que vos fala) e Alberto. Além dos filhos, alguns outros também foram criados ou tiveram passagem pela família Shimazaki no Excelsior Hotel em Paranavaí – Pr: Cassia (filha de uma hóspede do hotel), Tadeu (sobrinho, pais faleceram num acidente de carro), Marquinhos (filho do sobrinho, Marcos Inohue) e Takashi (sobrinho). O Tadeu continuou morando com a família Shimazaki, os outros voltaram para as suas respectivas famílias.
- Pois é!! Assim normalmente começavam as conversas de meu pai e invariavelmente terminavam com: – Ah meu Santo Antonio!!
Getulista (para quem não sabe, vem de Getúlio Vargas), meu pai gostava de política (hoje, acho que ficaria enojado) e costumava contar os causos. Gostava de ler jornal, lia a Folha de São Paulo e o Estadão nas manhãs de domingo, normalmente acabava dormindo naquele monte de jornal.
Sobre a Sexta-feira Santa, 2 (dois) fatos me vem à mente:
- Meu pai sempre falava que a mãe dele só o deixava ir ao cinema, 1 (uma) vez ao ano, para assistir “Paixão de Cristo”.
- Adorava ouvir músicas bem alto na sua vitrola na Sexta-feira Santa. Anísio Silva, Ataulfo Alves, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino e vários outros cantores da época eram nomes que costumavam frequentar aquela vitrola…
Meu pai, sempre gostou de músicas e de dançar. Adorava levar minha mãe para os bailes no Tênis Club de Paranavaí. Infelizmente o Parkinson o afetou muito cedo, privando-o de dançar. Mas ele sempre falava para minha mãe que quando ficasse bom, ele a levaria para um baile. Isso jamais aconteceu, mas a música ainda continuou fazendo parte de sua vida, agora já era no CD, e Anísio Silva, Nelson Gonçalves foram substituídos por Raça Negra e Zeca Pagodinho. Sim, meu pai adorava “samba”, talvez um dos poucos descendentes de japoneses a gostar desse gênero de música.
Remedios e mais remédios diariamente por anos e anos, transformaram aquela mente privilegiada e foi no final de 2006, estávamos na praia de Mariscal – SC que meu pai teve um surto e começou a gritar com todos, principalmente com meu primo, o Tadeu. Costumo pensar que ali morreu o Pedro Shimazaki que todos conhecíamos, o que veio a falecer em 21/01/2008 era só uma parte dele. Ele não se despediu, só balançou a cabeça num sinal que estava tudo certo.
Seu Pedro, esteja onde estiver continue a cuidar de nós, como sempre o fez.
Maristela Shimazaki e Alberto Shimazaki